Um dos principais nomes cotados para assumir o comando da seleção brasileira após a eliminação para a Croácia nas quartas de final da Copa do Mundo do Qatar-2022, o italiano Carlo Ancelotti faria com que a CBF gastasse como nunca por um treinador. Afinal, o salário atual do veterano de 63 anos no Real Madrid é 180% maior que o valor recebido por Tite ao longo do último ciclo. A diferença é de nada módicos 7 milhões de euros por ano (praticamente R$ 40 milhões).
Segundo o jornal francês “L’Équipe”, Ancelotti é o sétimo técnico mais bem pago da atualidade. Seu rendimento na Espanha está na casa de 10,9 milhões de euros (R$ 62 milhões) por temporada. Tite também é muito bem remunerado, mas para o mercado das seleções, que está em um patamar financeiro inferior e tradicionalmente gasta menos com salários. Durante os últimos quatro anos, ele faturou 3,9 milhões de euros (R$ 22,2 milhões) a cada 12 meses.
Aliás, nenhum técnico da Copa-2022 chega sequer perto do faturamento do vitorioso treinador italiano. O número um da folha de pagamentos das equipes nacionais é Hansi Flick, da Alemanha, com 6,5 milhões de euros (R$ 37 milhões) anuais. Como ainda tem contrato válido com o Real até junho de 2024, não faria muito sentido para o Ancelotti abdicar do salário que recebe na equipe merengue para trabalhar na seleção brasileira ganhando menos. Ou seja, para conseguir contratar o vencedor da última edição da Liga dos Campeões da Europa já nos próximos meses, a CBF teria de pelo menos igualar a grana desembolsada pelo clube espanhol. Ou, mais provável, fazer uma proposta financeira ainda melhor.
O italiano não fechou as portas para a ideia e admitiu abrir negociações dependendo do projeto apresentado. No entanto, fez uma ressalva de que não deixaria o Real antes do fim desta temporada, o que obrigaria o Brasil a ter um técnico interino durante o primeiro semestre de 2023. A CBF já emitiu uma nota negando que tenha autorizado pessoas a procurar treinadores para substituir Tite. No mesmo documento, a entidade também disse que só anunciará o sucessor do atual comandante da seleção depois da virada do ano. A contratação de um técnico estrangeiro é uma cobrança de longa data feita por jornalistas e grupos de torcedores diante do longo jejum de títulos do Brasil em Mundiais (em 2026, completarão 24 anos desde a última conquista).
A ideia foi rechaçada durante um bom tempo pela CBF. Mas, recentemente, o presidente Ednaldo Rodrigues admitiu que não vê nenhum problema em entregar o comando da seleção a um profissional nascido em outro país. Além de Ancelotti, a entidade que gerencia o futebol pentacampeão mundial também procurou o espanhol Pep Guardiola, que descartou trocar o Manchester City pela equipe canarinho. Outro nome bem cotado é o do português Abel Ferreira, vencedor de duas edições da Libertadores pelo Palmeiras. O Mundial terá no domingo uma nova seleção tricampeã mundial. A partir das 12h (de Brasília), a Argentina, vencedora em 1978 e 1986, e a França, ganhadora das edições de 1998 e 2018, duelam em Lusail pelo posto de melhor equipe nacional do planeta.
A Copa do Qatar é a primeira disputada no Oriente Médio e teve a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e foi baixa. O torneio está sendo jogado no fim do ano, e não no seu período habitual (meses de junho e julho), por causa do calor que faz no país sede durante o auge do verão no Hemisfério Norte. Essa é a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado há 24 anos, desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizado por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.
Por Rafael Reis- Uol