Pelé foi e sempre será o Rei do Futebol (Design TNT Sports Brasil)

Luto no futebol Brasileiro: Pelé, o Rei do Futebol, morre aos 82 anos

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O futebol perdeu seu rei. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, faleceu nesta quinta (29), depois de ser internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Pelé havia sido diagnosticado com um câncer no cólon em 2021 e fazia tratamento quimioterápico. No entanto, isso não impediu que o câncer passasse por uma metástase e atingisse outros órgãos do ex-jogador.

Homenageado por torcedores e até mesmo pelo Qatar, país-sede da Copa do Mundo de 2022, o Rei chegou a agradecer as homenagens feitas antes de jogo da Seleção pela fase de grupos, mas veio a falecer dias depois.

Um Rei que começou cedo. Pelé se destacou pelo Santos e pela Seleção antes da maioridade

Pelé nasceu em Três Corações, em Minas Gerais. Sua carreira no futebol começou em 1956, no Santos, depois de ter sido recusado pelo Corinthians. Em seu ano de estreia, o Rei jogou apenas partidas amistosas. Em 1957, com apenas 16 anos, o Rei fez 41 tentos em 38 jogos oficiais pelo Peixe, e fez sua estreia pela Seleção Brasileira, marcando dois gols em dois jogos. Mesmo em seu primeiro ano, Pelé foi artilheiro do Paulista, algo que se repetiu consecutivamente até 1965.

Em 1958, com 17 anos, conquistou seu primeiro título, e logo o mais importante do futebol: Pelé liderou o Brasil a levantar o seu primeiro troféu da Copa do Mundo. O Rei marcou seis gols no torneio, todos na fase de mata-mata. O primeiro, na partida contra País de Gales, classificou o Brasil para a semifinal. Depois, contra a França, Pelé marcou três, na goleada por 5 a 2.

Na grande final, diante da Suécia, dona da casa, marcou mais dois, incluindo o famoso golaço em que o Atleta do Século chapelou um zagueiro adversário e finalizou para o fundo do gol. Junto com o título, Pelé conquistou dois recordes, que permanecem até hoje: o de ser o jogador mais jovem a disputar uma final e o mais jovem a marcar um gol em Copas. O Rei foi vice-artilheiro da competição e considerado o segundo melhor jogador do torneio, atrás apenas de Didi.

No mesmo ano, veio a segunda conquista de sua prolífica carreira, o Campeonato Paulista. O Santos perdeu apenas uma partida, para a Ferroviária, na Fonte Luminosa, e empatou outras três, em 30 jogos disputados. O Peixe também bateu o recorde de gols em uma mesma edição do torneio, com 143 gols. E Pelé conquistou mais um recorde, este imbatível, marcando 58 gols em um mesmo Paulistão.

A partir de então, Pelé venceu ao menos um título por ano até 1970. Em 1959, foi Campeão do Torneio Rio-São Paulo. Em 1960, foi bicampeão paulista. Em 1961, mais um Paulistão e o primeiro torneio nacional: o Santos de Pelé conquistou a Taça Brasil daquele ano batendo o Bahia na final por 5 a 1, com três gols do Rei. Mesmo com o Santos entrando na competição apenas nas semifinais, Pelé foi o artilheiro da taça, com 9 gols.

O garoto Pelé na Copa de 1958 (Foto: FIFA)

Segunda Copa do Mundo, Libertadores e Mundial de Clubes; o Rei também brilhava internacionalmente

1962 foi o ano da carreira do Rei com mais títulos. Na Copa do Mundo, Pelé não foi protagonista apesar da expectativa em seu redor. O eterno camisa 10 jogou a primeira partida, contra o México, e marcou um gol na vitória da Canarinho por 2 a 0. Mas já no segundo jogo, contra a Tchecoslováquia, ele sofreu um estiramento na virilha esquerda e ficou de fora do restante do torneio. Com sua ausência, Garrincha tomou para si o posto de protagonista e Pelé conquistou seu segundo título mundial.

No Santos, sua temporada também foi memorável. Pelé conquistou mais um Campeonato Paulista, o bi do Campeonato Brasileiro e dois títulos inéditos: a Libertadores da América e o Mundial. Na final da Liberta, Pelé enfrentou o Peñarol, então bicampeão da América, que havia batido o Palmeiras na final do ano anterior. Mas o Rei não tinha limites: no jogo de desempate, em Buenos Aires, ele marcou dois gols e levou o Peixe ao título. No Mundial, o Santos enfrentou o Benfica, e, com cinco gols de Pelé em dois jogos, ele conquistava o mundo pela segunda vez em um mesmo ano, fechando 1962 com cinco títulos.

Mais um ano mágico veio em 1963: apesar da perda do Campeonato Paulista para o Palmeiras, Pelé foi tricampeão da Taça Brasil, bicampeão do Rio-São Paulo, bicampeão da Libertadores e bicampeão Mundial. Em 1964, o título Paulista, o Rio-São Paulo e mais um Campeonato Brasileiro. Em 1965, o Pentacampeonato Brasileiro e o hexa do Paulistão.

Na Copa de 66, entretanto, mais uma contusão, assim como em 62. Pelé jogou no sacrifício, mas a partida contra Portugal agravou ainda mais a lesão do Rei. Desta vez a seleção não foi capaz de superar a perda do camisa 10, sendo eliminada na primeira fase da competição. Apesar da decepção da Copa, Pelé conquistou o Torneio Rio-São Paulo pela quarta (e última) vez, mas sua lesão interrompeu a sequência de nove anos consecutivos sendo artilheiro do Campeonato Paulista.

No ano de 1967, Pelé conquistou o hepta do Paulistão. Em 68, mais um Campeonato Paulista, a Taça Roberto Gomes Pedrosa (a sexta conquista nacional), a Recopa dos Campeões Intercontinentais e a Supercopa Sulamericana dos Campeões Intercontinentais.

Mil gols, mil gols…

Mais um Paulistão foi conquistado em 1969, mas a marca mais importante foi conquistada no Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Na partida entre Vasco e Santos, disputada no Maracanã, no dia 19 de novembro de 1969, o Rei do Futebol alcançava uma marca histórica: mil gols. Pelé cobrou no canto esquerdo do goleiro Andrada, a bola morreu no barbante, e a festa foi imensa no estádio. Uma das marcas mais importantes da história do futebol.

Além disso, o ano de 1969 trouxe um dos momentos mais fantásticos da história ligados ao esporte. A crise no Congo, devido à independência do país junto à Bélgica, levou à morte de mais de 100 mil pessoas. Mobutu Joseph Désiré deu um golpe de estado e transformou o país em uma ditadura, intensificando o confronto. No dia 4 de fevereiro, entretanto, houve uma trégua na violência: Pelé foi jogar com o Santos na cidade de Kinshasa, centro do conflito, em um amistoso contra a Seleção do Centro-Oeste Africano. O Peixe, comandado pelo Rei, venceu por 2 a 1, mas venceu também uma guerra.

Como se já não bastasse este número expressivo de conquistas e ter interrompido um conflito para que a população pudesse vê-lo jogar, em 70 veio mais uma de suas demonstrações de genialidade. Com uma seleção mágica, e um Pelé inspiradíssimo, o Brasil conquistou o Tri mundial, tendo direito à posse definitiva da Taça Jules Rimet. Pelé foi considerado o melhor jogador do torneio, tendo marcado quatro gols, incluindo um na final, diante da Itália, quando a Canarinho venceu por sonoros 4 a 1. Com a conquista, o Rei é, até hoje, o jogador mais vitorioso em Copas do Mundo, com três títulos.

Em 1971, veio a aposentadoria da seleção brasileira. Pelé até hoje é o maior artilheiro da Canarinho, com 77 gols. É também o quarto atleta que mais vezes vestiu a camisa da seleção, com 115 partidas. Com o Rei, o Brasil conquistou 10 títulos: as três Copas do Mundo, duas Copa Roca, uma Taça do Atlântico, três Copas Oswaldo Cruz e uma Taça Bernardo O’Higgins. O único título que Pelé não conquistou durante sua passagem foi a Copa América: o Rei disputou quatro, foi artilheiro de uma, mas não conquistou nenhuma.

No ano de 1973, o último título em território nacional: o décimo Paulistão do Santos na era Pelé. E em 74 o fim de uma era: o Rei do Futebol deixou o Peixe, onde fez história, para rumar ao futebol estadunidense no ano seguinte. Pelo Santos, Pelé conquistou 26 títulos: dez paulistas, cinco Rio-São Paulo, seis nacionais, duas Libertadores, dois Mundiais, uma Supercopa Sulamericana dos Campeões Intercontinentais e uma Recopa dos Campeões Intercontinentais. Terminou sua passagem com 1120 jogos e 1033 gols.

No New York Cosmos, Pelé conquistou o seu último título como jogador de futebol: a Liga Americana de 1977, o 37º de sua carreira. No mesmo ano, o Rei anunciou sua aposentadoria.

Três anos depois, em 1980, Pelé foi considerado por jornalistas de todo o mundo como o Atleta do Século pela revista ‘L’Équipe’, uma das mais conceituadas do mundo. Em 1999, mais uma vez foi eleito Atleta do Século, desta vez pelo Comitê Olímpico Internacional e pela agência Reuters. No mesmo ano, foi eleito o jogador de futebol do século pela UNICEF, pela France Football e pela IFFHS.

Pelé não venceu a Bola de Ouro oficialmente, mas recebeu o prêmio retroativamente (Getty Images)

Em 2000, a entidade máxima do futebol, a FIFA, considerou Pelé o melhor jogador do século. Em 2014, em correção por conta da votação contar apenas jogadores que atuavam no futebol europeu na época, Pelé recebeu sete Bolas de Ouro retroativas, sendo atualmente considerado o atleta que mais vezes conquistou o prêmio.

Fonte: TNT Sports